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colagens manuais, 2017
grupo de estudos da cidade noturna  - imagens coletadas durante andanças pela noite de são paulo

NOTURNOS

a massa preta vazia brilha a bola branca da luz da lua cheia. escuridão abraça passos lentos, assombrados mas sem medo. de noite se respira, de noite se esvazia - a rua vazia me enche a cabeça: fico pensando quantos por ali vagam, “quem vão e pra onde são”. há enfim, músicas e sons, que quebram o silencio dos que dormem, e bebidas que enlouquecem os automóveis que atropelam as avenidas. nas ruas, anda-se ao meio, no meio – a pista do carro direciona, agora, os meus pés. os lixeiros recolhem os restos dos dias. pintam faixas de pedestres. realizam serviços clandestinos que, com a manhã, já não mais podiam ser. há os que por ali moram, sobre vivem expostos na cidade. eles dormem mas não adormecem, conhecem tão bem a escuridão quanto a luz. viro a esquina da augusta - a lua cheia é multidão – polícia homem lobisomem. sombra preta roupa preta pomba preta rato, preto corpo preto perto dia se transforma em noite, homem em animal a noite selvagem. de três vômitos encontrados no caminho, só pisaram em um, enquanto um homem de salto alto dança balé na ladeira, o zelador noturno dorme em sua cadeira e os hotéis prometem estar 24 horas (horas nas quais eu já não mais estou). voltemos ao início: corpo preto noite branca da lua preta noite com corpos pretos parados  – pausa para e pensa – andar contra a luz do dia é despertar a cidade de sombras na sola do pé.

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